é sempre tudo tão sozinho?
nunca tem ninguém do outro lado e eu me sinto tão sozinha
e dos milhares que estão ali nunca tem ninguem
ninguem nem nunca está aqui
é só só, só solidão
pudera e quisera que houvesse ao menos alguem,
mas sempre respiro só, e no vai vem das marés
nunca tem ninguém
abracei demais e não posso mais culpar alguém
o erro é meu, e o meu é meu haver.
já não derrama, só rasga.
dói a cabeça e nunca passa
estou nos confins de mim
e mesmo assim, não me acabo em mim
há sempre uma pendência, sobras do que faltou
aprendi a ser incompleta
e nunca inteira sou
queria abrir as portas
mas as janelas estão emperradas
tenho medo da culpa
mas ela já é minha morada.
queria me dividir em dois, queria me dividir em mil
queria que em alegorias,
não me sentisse vil
mas nada é tudo que sou
e isso eu já entendi
mas ser não inteira
ainda me faz por um triz
queria a cara e o peito
pra decidir de frente
mas as minhas costas rasgam
e arde o aguardente
mil perdões, eu
eu pra você nem sou metade
mas enquanto a cabeça cresce
ainda hei de te devolver a alma